quarta-feira, 30 de março de 2011

Pensamentos sobre “O Mito da Caverna”, de Platão



Conheci noutro dia um famoso texto de Platão conhecido como “Mito da Caverna” ou “Alegoria da Caverna” e me interessei pela forma como ilustra diversas situações ainda presentes em nossa vida tantos anos depois da obra assinada...
Gostaria de entender mais a fundo o tema, mas por cima, já queria levantar algumas questões para pensar e refletir a respeito de nossa realidade, crenças e atitudes.

O texto fala mais ou menos isso: para imaginarmos uma caverna subterrânea onde seres humanos são aprisionados desde a infância de forma que não podem se mover, nem olhar para os lados, mas somente para frente (para o fundo da caverna). Na caverna entra uma luz que provém de uma grande fogueira. Entre a entrada da luz e os prisioneiros há um caminho ascendente no qual foi erguido uma mureta parecida com um palco de marionetes. Homens no exterior da caverna transportam estatuetas com formas de seres humanos, animais e diversas coisas. A luz que penetra na caverna acaba por fim formando a sombra desses homens com suas estatuetas na parede do fundo da caverna, essa é a única imagem que os prisioneiros enxergam, e por isso, eles imaginam que essas coisas são tudo que existe, pois só a isso conhecem, bem como somente a luminosidade que há na caverna.
Platão indaga o que aconteceria se alguém libertasse os prisioneiros?
Um prisioneiro liberto, primeiro olharia toda a caverna, veria outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira, mas embora dolorido pelos anos de imobilidade, andaria rumo ao caminho ascendente e num primeiro momento seria cegado pela grande luz externa, que na verdade é o sol, porém acostumaria-se com a claridade e descobriria que por toda sua vida vira senão somente a sombra de toda a realidade que contemplara agora. Com o sentimento de liberdade e descobridor do mundo, o ex-prisioneiro retornaria a caverna, ficaria desnorteado com a escuridão, mas contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
O que aconteceria com ele nesse momento?
Os demais prisioneiros caçoariam dele, não acreditariam, e se ele insistisse, acabariam por matá-lo. Mas quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade?

Agora, eu queria supor que estamos nós todos nessa caverna, fazendo de conta que a caverna e a prisão sejam determinados assuntos em nossa vida.

Primeiro, queria me colocar no lugar de quem conseguiu se libertar:

Que dor sentimos ao sair de uma situacão à qual estamos acostumados, por mais que deslocar-se para longe seja o melhor a fazer... Como cansa a subida em direção à luz, à sanidade de decisões. E como é difícil enchergar o que é certo e admitir, depois de tanto tempo virado somente para um lado da moeda. Por vezes, descobrir outra realidade além da que conhecíamos inicialmente demora um pouco, é um golpe duro todo esse processo, desde o início.
E quando finalmente a ficha cai, queremos avisar, alertar os demais a respeito do que aprendemos, só que nem sempre as pessoas ao nosso redor querem saber de outra realidade, talvez estejam acomodadas com aquela situação, nem queiram saber do novo.

Isso acontece muito quando conhecemos a Cristo, não é? Que dor, que dificuldade em mover-se, que ofuscar nos olhos ao dirigir-se pelo caminho da luz, que desejo de voltar e comunicar a todos nossas novas descobertas, e que frustracão perceber que nem todos (ou poucos) deram ouvidos as novidades...
Acontece também algo parecido, por exemplo, no caso de uma paixão cega e doentia. E depois de uma experiência dessa alertamos uma amiga na mesma situação, nem sempre somos ouvidos...
O mesmo, ao conhecer, discutir ou defender certos temas, política, religião, doutrinas, ensinos, filosofia, etc.

Voltando ao texto, notando ainda que alguns prisioneiros já estavam soltos na caverna, percebemos que eles não quiseram sair, e ainda tinham o desejo de calar-nos talvez com a morte, que faríamos? Seríamos martirizados em nome da liberdade? Iríamos embora, e deixariamos para lá, o importante é que tentamos, mas eles não ouviram?
Acho realmente que nosso impulso natural é dizer: “Que se dane, eu avisei.” E ainda justificar com a Palavra “Bato a poeira debaixo dos meus pés”. Mas até quando vamos desistir? Quando insistir? Quando devemos parar? Devemos parar?!!

Agora queria que pensássemos nos demais personagens dessa história:

Quantas vezes fomos como essas pessoas que preferiram continuar aprisionadas? Quantas vezes jogamos pedras em quem tentava nos ajudar?
Quantas vezes fomos a minoria que procurou saber a fundo do que se tratava aquele novo discurso?
Será que, no lugar dos prisioneiros, estaríamos entre os que ficaram curiosos por sair ou entre os que matariam para permanecer?
Será que passamos repetidas vezes pelo lado de fora da caverna, sem ao menos notar que pessoas estavam presas la dentro?
Será que fomos um dia somente como estátuas, carregadas por essas pessoas que nem se importavam com o redor?

Hoje encerro meu post com um ar de dúvida. Porque vejo na incerteza o princípio das respostas, o princípio da verdade e a oportunidade de crescimento.


E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

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